quinta-feira, 26 de julho de 2007

Actor != Personagem


Estava eu a ler uma revista da imprensa cor-de-rosa, ou assim lhe chamam, já velha (mais velha que as expostas nas lojas, não vendidas, e de cor, deliberadamente, alaranjada pelos raios solares, mas não tão velha como as que podem ser encontradas nos consultórios dentários) , quando encontrei um artigo que tem tanto de irreal como a inteligência da maior parte das pessoas nele virtualmente presentes.

A estação televisiva SIC transmite uma novela chamada "Vingança". Nunca vi, não posso comentar a qualidade, vi uma vez o genérico com o Diogo Morgado a armar-se em bom, e dai não passou.

Nesta mesma novela, e segundo a revista que li, o actor Nuno Melo, conhecido da maioria dos portugueses e com uma considerável participação no panorama cinematográfico Português, representa uma personagem, Luís Ramalho, distinguida como vilão, cuja acção é pautada por represálias e pela perpetração de homicídios.

Durante o artigo, na habitual entrevista, o actor conta-nos como é difícil conviver com a personagem e o que por vezes tem de fazer para se abstrair do sádico perfil que encarna. Até aqui tudo normal.

Quando tudo parece bem encaminhado para mais uma entrevista igual a tantas outras no conteúdo, eis que chega a seguinte revelação:

Há pessoas, acostumadas a vê-lo na novela "Vingança", que, quando por ele passam na rua, lhe chamam "Diabo" e se afastam dele, assustadas.

Vamos tentar fazer uma análise objectiva do que vai na cabeça destas séniores católicas.

Hipótese 1
Provavelmente pensarão que as pessoas que estão dentro da caixa preta não representam algo fictício e que, apesar de serem sempre as mesmas em todas as novelas, as divergências na sua personalidade, árvore genealógica, identificação, estilo, sotaque, de novela para novela, advêm do factor idade. Ver Conclusão 1.

Hipótese 2
Talvez não se consigam abstrair da personagem e de a associar ao actor.
Ver Conclusão 1.

Conclusão 1
Estas pessoas são estúpidas.

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